CASA
ABRIGO DE RIO CLARO
Entrevistada 1 – Antônia
1) idade: 26 anos
2) estado civil: solteira3) escolaridade: ensino fundamental completo
4) profissão: monitora escolar no projeto da casa abrigo
5) moradia: assistida pelo abrigo de Rio Claro
6) número de filhos: 03 filhas
7) idade dos filhos: 08, 06 e 03 anos
8) religião: não tem religião
Questões semiestruturadas:
1) Você
está na casa de acolhida com seus filhos?
“Sim, estou. Moro numa das casas do abrigo.”
2) Quanto
tempo que está na instituição de acolhida?
“Estou aqui há 07 meses. Foi a primeira vez que resolvi sair de casa e
vim para cá; ele sabe onde estou, ele vem buscar as filhas dele, traz e só;
aqui é muito bom, todo mundo ajuda, consegui trabalhar, elas tão estudando, tão
no projeto; funciona para eu conseguir minha casa, sem depender de ninguém, de
homem nenhum, me reerguer sim, criar minhas filhas”.
3)
Quantas vezes foi acolhida e por quais motivos?
“Fui acolhida uma vez.
Motivo de violência. As violências eram físicas e verbais e a ameaça era para
eu não sair de casa senão ele ia tomar minhas filhas, se eu quisesse sair era
para deixar as filhas com ele...eu não saía de casa, ele saía e eu ficava”.
4) O
número de vezes acolhida é o mesmo de denúncias de violência doméstica? 5) O
número de denúncias é o mesmo de agressões?
“Eu não denunciei ele para a polícia. Vim direto pra cá. As agressões
aconteceram mais vezes”.
6) O
tempo em que viveu com o companheiro?
“Estou com ele há 07 anos, entre tudo, namoro e tudo”.
7) Possui
familiares que poderiam ou podem acolhê-la? 8) Possui amigos, vizinhos que a
assistia?
“Tenho minha mãe, mas ela não tem condições financeiras de estar muito
tempo comigo e as filhas.
9) Os
filhos apresentaram algum comportamento diferente após as agressões ou no
acolhimento? 10) Os filhos apresentaram problemas escolares após os fatos?
“Aparentemente elas
nunca tiveram reclamação da escola, agora que a minha do meio, veio reclamação
dela com problema de comportamento; ela tem horário com a psicóloga da casa
abrigo; tudo tá apresentando agora”.
11) Quais
foram os motivos das agressões?
“Eu nunca trabalhei, eu
dependia dele, eu ficava em casa, em função das minhas filhas e ele bebia, bebe
né, foi o motivo que me separou, a bebida; ele se transformava, ficava
agressivo comigo e com elas e eu decidi por um ponto final”.
12) Por
que a casa de acolhida é importante para você?
“Aqui é muito bom, é
uma equipe bacana mesmo, que me acolheu, as minhas filhas, deu oportunidade
para eu trabalhar, porque eu nunca trabalhei, acho que é isso”.
13) Algo
mais que queria falar sobre o que a trouxe até o acolhimento?
“Nunca prestei queixa,
nem fiz boletim, nem procurei delegacia, porque ele me ameaçava, né; as filhas
presenciavam ele, essa tinha 4 ou 5 anos, fiquei 7 anos com ele; a mais velha
não é filha dele; ela chama ele de pai porque fui morar com ele quando ela
tinha um aninho”; “hoje ele quer voltar, tudo, mas ninguém merece, né, voltar
para a vida que tinha, nem penso em outra relação tão já; o que me motivou vir
para cá...assim...foram minhas filhas...o que me motivou ... foi mesmo”.
Demais
questões encaixadas no decorrer da entrevista semiestruturada:
Antônia
relatou que na sua adolescência faltou apoio familiar: “acho que faltou apoio
familiar, meu pai separou cedo da minha mãe, eu tinha 14 anos, eu acho que isso
influenciou bastante, eu parei de estudar, engravidei cedo, tinha 16 anos; ele
tratava de um jeito, só a minha mãe já não obedecia tanto, influenciou
bastante”.
Entrevistada 2 – Helena
Questionário
1) idade: 22 anos
2) estado civil: solteira3) escolaridade: ensino fundamental
4) profissão: vendedora de salgados
5) moradia: reside no abrigo
6) número de filhos: 02
7) idade dos filhos: menino de 04 anos e menina de 01 ano.
8) religião: evangélica
1) Você está na casa de acolhida com seus filhos?
Sim.
2) Quanto tempo que está na instituição de acolhida?
“Estou aqui há 03 meses. Aí eu conhecia uma
amiga que já havia morado aqui e tinha falado sobre a casa abrigo”.
3) Quantas vezes foi acolhida e por quais motivos?
“Fui acolhida uma vez. Eu saí de casa quando
eu não aguentava mais morar lá; eu tive receio que ele (meu pai) passasse a
xingar meus filhos também; eu fui morar com o namorado, mas eu também não
gostava dele; foi pelos meus filhos e aí eu vim aqui, fiz a entrevista, fui
para Limeira, conversei com ele de manhã, ele aceitou e de tarde recebi ligação
que ele havia sido preso”.
4) O número de vezes acolhida é o mesmo de denúncias de
violência doméstica?
“Comigo não houve agressão física, quando eu
morava na casa do meu pai, eu recebia agressão verbal, era verbal, partia do
meu pai quando eu morava com ele, morei dos 12 aos 21 anos e era agredida
verbalmente todos os dias”
5) O número de denúncias é o mesmo de agressões?
“Não denunciei meu pai, vim para o abrigo e
ele não me procura também”.
6) O tempo em que viveu com o companheiro?
“Vivi na casa do meu pai dos 12 aos 21 anos”.
7) Possui familiares que poderiam ou podem acolhê-la?
“Para acolher não”.
8) Possui amigos, vizinhos que a assistia?
“Uma amiga que morei junto, mas não deu certo
e o namorado”.
9) Os filhos apresentaram algum comportamento diferente após as agressões
ou no acolhimento? 10) Os filhos apresentaram problemas escolares após os
fatos?
“Meu filho andou me dando alguns problemas de
não querer fazer atividade, rebeldia, agora a gente já tá conseguindo fazer a
rotina dele ficar uma rotina de criança; ele já viveu tanta coisa comigo que a
cabecinha dele é meio adulto, sabe; ele não queria brincar, queria cuidar de
mim, ia para escola e lá queria chamar a atenção de todo mundo, queria ser
visto, queria atenção toda hora, toda para ele; aqui primeiro ele assustou,
porque na cabecinha dele, a casa dele era lá no meu pai; mas ele não queria
ficar mais lá por causa da violência verbal, mas o mesmo tempo ele não queria
ficar aqui, é meio confuso, ele ficou bem confuso no começo; agora, ele começou
a entender que ele é criança ainda, aqui é um bom lugar, ele tá arrumando amigo
diferente, agora que ele está se dando bem na escola, essa semana já recebi
bastante notícia boa”.
11) Quais foram os motivos das agressões?
“Sempre fui agredida verbalmente por meu pai,
por qualquer motivo; desde que precisei ir morar com ele.”
12) Por que a casa de acolhida é importante para você?
“O abrigo tem toda importância para quem já
sofreu tanto tempo; o acolhimento aqui é como se fosse um abraço, né; foi um
escape, foi a única oportunidade, eu não tinha para onde ir; sabe um abraço,
assim. Eu encontrei aqui a estrutura familiar; poder deixar as crianças para
trabalhar, escola, remédio, tudo elas ajudam”.
13) Algo mais que queria falar sobre o que a trouxe até o
acolhimento? Demais questões encaixadas no decorrer da entrevista
semiestruturada:
“Minha
filha fica o dia todo aqui no abrigo e meu filho fica meio período no projeto e
à tarde vai para a escola. É muito bom”.
Questionário
1) idade: 22 anos
2) estado civil: solteira3) escolaridade: ensino médio completo
4) profissão: auxiliar de limpeza
5) moradia: casa abrigo
6) número de filhos: 03 filhos
7) idade dos filhos: 01 menino de 06 anos e 02 meninas de 08 e 02 anos
8) religião: evangélica
1) Você está na casa de acolhida com seus filhos?
Sim.2) Quanto tempo que está na instituição de acolhida?
Estou aqui há 02 anos e 5 meses.
3) Quantas vezes foi acolhida e por quais motivos?
“Separei dele por causa de briga e teve violência física”.
4) O número de vezes acolhida é o mesmo de denúncias de violência doméstica?
“Não, eu vivi com ele seis anos e cinco anos ele teve atitudes violentas, eram mais verbais e depois físicas”.
5) O número de denúncias é o mesmo de agressões?
“Eu não denunciei, eu vim morar aqui e foi”.
6) O tempo em que viveu com o companheiro?
“Vivi com ele 06 anos.”
7) Possui familiares que poderiam ou podem acolhê-la? 8) Possui amigos, vizinhos que a assistia?
“Sim, mas não poderiam por muito tempo; “tinha familiares que podiam me acolher, mas preferi o abrigo”.
9) Os filhos apresentaram algum comportamento diferente após as agressões ou no acolhimento? 10) Os filhos apresentaram problemas escolares após os fatos?
“O pai visita os filhos quando pode; eles estão integrados à vida no acolhimento, não apresentando problemas de comportamento, pois a convivência no lar auxiliou bastante no desenvolvimento das crianças; eles frequentam à escola regular e participam do projeto escola do próprio Lar em horário inverso ao das aulas regulares,”
11) Quais foram os motivos das agressões?
“Eram as brigas.”
12) Por que a casa de acolhida é importante para você?
“A vida aqui é boa, temos tudo; eles vão na escola e participam do projeto escolar do abrigo; viver aqui é bom, sinto segurança, meus filhos gostam de viver aqui; o importante que eu achei de morar aqui é que eu consegui minha casa, para onde vou mudar; e trabalhar; meus filhos sentem-se bem aqui”.
13) Algo mais que queria falar sobre o que a trouxe até o acolhimento? Demais questões encaixadas no decorrer da entrevista semiestruturada:
É isso.
CASA
ABRIGO DE LIMEIRA
Entrevistada
4 - Aparecida
Entrevistada
5 – Sandra
Questionário
1) idade: 29 anos
2) estado civil: casada
3) escolaridade: 1º ano
do ensino médio
4) profissão: empregada
doméstica
5) moradia: casa abrigo
de Limeira
6) número de filhos: 01
filha
7) idade dos filhos: 02
anos
8) religião: evangélica
Questões
semiestruturadas
1) Você está na casa de acolhida com seus filhos?
“Sim”
2) Quanto tempo que está na instituição de acolhida?
“Dessa segunda vez, um mês”.
3) Quantas vezes foi acolhida e por quais motivos?
“Essa aqui é a segunda vez que vim pra cá; vivi
com ele dez anos, fui agredida; depois de sete anos casada com ele, tive minha
filha...ele tentou me matar mesmo, tudo na frente da minha filha, ele me ergueu
só com a mão pelo pescoço, a hora que ele viu que eu tava ficando sem ar, ele
me soltou, conforme ele me soltou eu caí, aí ele começou a me chutar, mas me
chutava de um jeito que fiquei praticamente desmaiada e a minha filha via tudo,
é por Deus mesmo que eu não morri...na casa morava nós três, eu morava de fundo
e a dona da casa morava na frente, mas ela não escutava porque ele tampava a
minha boca com um pano e a minha menina eu tinha medo dela gritar ou chorar e
ele pegar ela também”.
4) O número de vezes acolhida é o mesmo de denúncias de
violência doméstica?
“Não. Essa é a segunda vez aqui”.
5) O número de denúncias é o mesmo de agressões?
“Não,
mas já duas vezes denunciei; ele tava lendo a Bíblia em cima da cama, a minha
filha foi falar para ele ‘papai deixa eu ver’ aí encostou assim na Bíblia e ele
foi com aquela fúria ‘saí daqui senão te mato’, foi isso”.
6) O tempo em que viveu com o companheiro?
“Vivi
com ele por dez anos e nesses dez anos fui agredida; ele fazia tudo na frente
da minha filha, então eu falei assim, que antes de eu morrer ou morrer a minha
filha, eu vou ter que tomar uma atitude, não posso deixar; hoje minha filha tem
dois anos e eu tomei essa atitude de largar dele; tenho tudo, boletim de
ocorrência, tenho tudo, tudo, tudo, tudo; tanto é que sábado eu estava na
igreja, ele chegou com a mala e disse que ia embora para minha casa e eu disse
que para minha casa ele não vai; eu tenho o botão do pânico, tanto é que ele
roubou o botão do pânico sem eu ver; a chave da minha casa ele pegou sem eu
ver; ele mora lá com a mãe dele agora”.
7) Possui familiares que poderiam ou podem acolhê-la? 8) Possui
amigos, vizinhos que a assistia?
“Eu passava por tudo sozinha, ele me ameaçava
que um dia desses ia me matar, tanto é que a hora que ameaçou a minha filha foi
que eu abri meu olho; que nem, faça pra mim, mas não faça pra minha filha; o
que me trouxe até aqui mesmo, foi de eu ter passado tudo isso sozinha, com a
minha filha vendo e de ter tomado essa atitude, porque, hoje eu vejo que a
atitude que eu tomei foi certo, porque se eu tivesse ficado com ele, tivesse lá
com ele, eu ia acabar morrendo, como acontece com muitas moças;
9) Os filhos apresentaram algum comportamento diferente após as
agressões ou no acolhimento? 10) Os filhos apresentaram problemas escolares
após os fatos?
“Minha filha frequenta às aulas regulares,
indo e voltando da escola com um motorista da prefeitura que faz o transporte
acompanhado de uma das mães abrigadas. Minha filha não tem relacionamento com o
pai no momento e devido à casa abrigo não ter o endereço divulgado, não recebe
visitas do pai”.
11) Quais foram os motivos das agressões?
“Ele
se envolveu com drogas, só que eu larguei dele e disse que só volto com você se
você fizer tratamento; até ele fez, só que parece que não adiantou nada ele
fazer porque voltou tudo de novo, aí, voltou, voltou pior, né; não adiantou, aí
ele me agredia”.
12) Por que a casa de acolhida é importante para você?
“Então
para mim o que mais motivou vir aqui foi porque eu sempre dependi dele, nunca
trabalhei, eu ficava em casa em função das minhas filhas”.
13) Algo mais que queria falar sobre o que a trouxe até o
acolhimento? Demais questões encaixadas no decorrer da entrevista
semiestruturada:
“Não”.
Questionário
1) idade: 33 anos
2) estado civil: solteira
3) escolaridade: ensino médio completo
4) profissão: dona de casa
5) moradia: abrigo de Limeira
6) número de filhos: 06 filhos
7) idade dos filhos: 02 meninas (09 e 05 anos) e 04 meninos (10, 07, 04 anos; 07 meses)
8) religião: evangélica
Questões
semiestruturadas
“Sim, com a menina de 5 anos, o menino de 4
anos e o bebê de 7 meses. A assistência social disse que se eu não ficar aqui,
posso perder a guarda desses também”.
2) Quanto tempo que está na instituição de acolhida?
“Aqui, duas semanas”.
3) Quantas vezes foi acolhida e por quais motivos?
“Uma vez, porque fui agredida fisicamente”.
4) O número de vezes acolhida é o mesmo de denúncias de
violência doméstica? 5) O número de denúncias é o mesmo de agressões?
“Sim, fui agredida fisicamente apenas uma vez””.
6) O tempo em que viveu com o companheiro?
“Dois anos”.
7) Possui familiares que poderiam ou podem acolhê-la? 8) Possui
amigos, vizinhos que a assistia?
“Tenho familiares, mas estes não querem ou
não podem me acolher com os filhos, mas não queria estar aqui, queria ir para
casa, estou aqui contra a vontade. Meus
pais estão com dois filhos meus, eles têm a guarda. É o menino de 10 anos e a
menina de 9 anos; eles criam desde bebê e eu perdi a guarda desse filho de 7 anos
para sua irmã, porque meu companheiro foi acusado de abusar dele”.
9) Os filhos apresentaram algum comportamento diferente após as
agressões ou no acolhimento? 10) Os filhos apresentaram problemas escolares
após os fatos?
“As
crianças vão à escola com um motorista da prefeitura acompanhados cada dia de
uma mãe; os pais de seus filhos não os visitam na casa de seus pais e nem no
abrigo, mesmo porque o endereço da casa abrigo é sigiloso e os filhos possuem
problemas de comportamento anteriores às agressões que sofreu de seu
companheiro, tais como invenções de situações que não existiram.
11) Quais foram os motivos das agressões?
“Ele
é negro e ex-presidiário, sofre preconceito e no momento da agressão ficou
nervoso; não foi ele que abusou do meu filho; eu tenho outros filhos, uma
menina também; se fosse, teria mexido com os outros; por causa disso eu perdi a
guarda dele; mas não foi ele quem abusou, isso aconteceu na escola; se ele
mexeu com um teria mexido com todos; difícil para mim porque tô correndo o
risco de perder esses daqui; só Deus sabe se eu perder esses daqui o que vai
ser de mim”.
12) Por que a casa de acolhida é importante para você?
“Não quero ficar aqui, sinto saudades da
minha casa.”
13) Algo mais que queria falar sobre o que a trouxe até o
acolhimento? Demais questões encaixadas no decorrer da entrevista
semiestruturada:
“Na
verdade, eu nem queria ter vindo para cá, não que aqui o pessoal não trate bem,
pelo contrário, eles tratam a gente super bem, não tenho do que reclamar, mas
nada melhor do que estar na sua casa, sinto falta da minha casa e das minhas
coisas”.
Entrevistada
6 - Joana
Questionário
1) idade: 36 anos
2) estado civil: solteira
3) escolaridade: desempregada (cozinheira, manicure)
4) profissão: 6º ano do ensino fundamental
5) moradia: abrigo de Limeira
6) número de filhos: 03 filhos
7) idade dos filhos: 02 meninas (17 e 12 anos); 01 menino (16 anos)
8) religião: católica
Questões
semiestruturadas
1) Você está na casa de acolhida com seus filhos?
“Sim,
com a menina de 12 anos; os outros estão com parentes na minha cidade”.
2) Quanto tempo que está na instituição de acolhida?
“Estou
aqui há uma semana, esperando o botão do pânico e esperando as providências da
defensoria pública, porque se eu tivesse em casa quando ele quebrou os vidros e
cortou os pulsos, o bombeiro disse que eu ia presa porque ele disse que tinha
sido eu, mas eu tava na assistência social; na defensoria disseram que tenho o
bolsa família e depois uma pensão, não sei, falei para Delegada que não quero
mais ficar com ele, peguei um trauma da bebida”.
3) Quantas vezes foi acolhida e por quais motivos?
“Uma vez”.
4) O número de vezes acolhida é o mesmo de denúncias de
violência doméstica?
“Não”.
5) O número de denúncias é o mesmo de agressões?
“Não;
denunciei uma vez; aqui ó, ele rasgou aqui ó, tá tudo coisado aqui de unha, tem
cicatriz, tô toda rasgada de unha”.
6) O tempo em que viveu com o companheiro?
“Quatro anos”.
7) Possui familiares que poderiam ou podem acolhê-la? 8) Possui
amigos, vizinhos que a assistia?
“Minha
irmã; quando eu vim pra casa de minha irmã em Limeira, porque é assim, são duas
irmãs com dois irmãos, eu me juntei com ele; quando eu me juntei com ele, ele
não era assim; mas ele vive bebendo, sabe; e minha irmã disse que ele ia pegar
o menino, só a minha mais velha não quis vim, só trouxe os meninos”.
9) Os filhos apresentaram algum comportamento diferente após as
agressões ou no acolhimento? 10) Os filhos apresentaram problemas escolares
após os fatos?
“Meus filhos não apresentaram problemas de
comportamento por causa das agressões que sofri, mas não querem que eu volte
com o ex-companheiro"
11) Quais foram os motivos das agressões?
“Ele
ia pra casa e bebida meio litro de cachaça, e ficou... depois pegou ciúme do
menino; aí começou a me ficar violento; ele não queria que eu conversasse com o
menino, aí eu falei ‘não troco o amor dos meu fios por você; não tenho fio com
ele, eu sou, fiz histerectomia quando me operei; ele começou a ficar revoltado,
porque eu ficava deitada com o menino, brincava com o menino, porque que eu não
troco meu menino por macho nenhum; eles tem...cada um...eles não tem um pai só,
cada um, um pai diferente; daí fiquei mais ele, pronto...daí ele ficou assim
agressivo, começou a bater em mim e eu nele, daí ficou; daí eu procurei ele,
porque ele não almoçava em casa, almoçava na mãe dele e não me dava nada em
casa; ele quebrou três celulares porque não queria que eu falasse com ninguém,
se eu falava com minha irmã, ele ficava com ciúme, daí ficou nisso daí, eu
queria trabalhar e a pessoa ligava pra mim, ele não falava nada pra mim”.
12) Por que a casa de acolhida é importante para você?
“A vida na casa abrigo
é boa, sente-se bem acolhida, recebendo o que precisa para suas necessidades
básicas; uma Delegada perguntou se eu quero esse homem, eu disse que não quero
mais não, então fico aqui, até poder ir para minha casa, ver o que a
assistência social vai resolver; aqui é bom”.
13) Algo mais que queria falar sobre o que a trouxe até o
acolhimento? Demais questões encaixadas no decorrer da entrevista
semiestruturada:
“As crianças vão à escola com um motorista da
prefeitura acompanhados cada dia de uma mãe.”
CASA
ABRIGO SARA M. – CAMPINAS
Entrevistada
7 – Amélia
Questionário
1) idade: 41 anos
2) estado civil: solteira
3) escolaridade: segundo
grau completo
4) profissão: desempregada
5) moradia: atualmente mora
na casa dos pais em outra cidade
6) número de filhos: 02
filhos
7) idade dos filhos: um
menino de 05 anos e uma menina de 1 ano e 4 meses
8) religião: espírita
1) Você
está na casa de acolhida com seus filhos?
“Sim, estive abrigada com meus filhos na casa
Sara M. de Campinas”.
“Fiquei abrigada dois meses”.
3) Quantas vezes foi acolhida e por quais motivos?
“Ah,
agressões faz anos que eu sofro, mas como a gente tem dois filhos, a gente
começa a pensar e vive naquela....a gente começa a acreditar que a vida é
aquilo, sabe, eu abri minha mente e consegui sair; não quero mais isso para
mim, não posso pelos meus filhos; primeiramente porque eu sou um ser humano e
depois pelos meus filhos; eles não podem crescer num ambiente desses; preciso;
infelizmente entrei nessa e graças a Deus tive atitude de sair; eu não vou
falar mal do pai, o que eu falo para ele é que a mamãe e o papai não vão mais
namorar, porque ele tem que o casado para ele é namorar; eu falo para ele que a
gente não namora mais e que a mamãe vai cuidar deles sem o papai, mas que
quando o papai puder, o papai vai ver eles; eu tento passar isso para eles
porque ele não me agredia na frente das crianças, o negócio era muito
psicológico, o dia inteiro me infernizando pelo fato da gente trabalhar junto,
e como meu filho estudava integral na escolinha, não via isso”.
4) O número de vezes acolhida é o mesmo de denúncias de
violência doméstica? 5) O número de denúncias é o mesmo de agressões?
“Não, sempre fui agredida, mas denunciei e
fui encaminhada para o abrigo uma vez, quando não aguentava mais.”
“Seis anos”.
7) Possui
familiares que poderiam ou podem acolhê-la? 8) Possui amigos, vizinhos que a
assistia?
“Sim, mas preferi ir para o abrigo até que o
juiz decidisse a guarda das crianças”.
“Não, mas meu filho sofre porque tem o pai
como ótimo pai; mas ele me colocava contra as crianças, falava que a mãe
era..., falava nomes péssimos, falava que a mamãe saía com vários homens; que
ele não queria encontrar a cama quente quanto estivesse fora, e foi um dos motivos que
eu resolvi fazer o boletim de ocorrência e ir para o abrigo; imagina, me por
contra as crianças, mesmo eu sendo agredida eu não faço isso; “enquanto o juiz
não determinar, ele não vai ver os filhos, a guarda é minha e eu sou mãe e
responsável por eles, entende? agora ele tem que aprender que as coisas não
acontecem como ele quer; ele me dominou anos, mas agora ele não via me
amedrontar; agora é só orar e pedir para Deus me guardar”.
11) Quais foram os motivos das agressões?
“Ele
é dependente químico, o ano passado ele foi internado, o problema dele deu
esquizofrenia, ficou setenta e três dias internado e deram alta; aí ficou um
tempo sem usar drogas, aí voltou tudo de novo e parece que voltou pior ainda;
entende?; é pessoa doente, doente mental que vê coisas, é ciúmes, é droga; o
CID dele deu bipolaridade e esquizofrenia, entende; eu trabalhava junto com
ele; ele me torturava com palavras constantemente e quando eu respondia, era
agredida fisicamente; uma pessoa que tira tudo de você, eu trabalhava, de tanto
ele ter ciúmes, eu fui mandada embora do meu serviço, do meu trabalho, entende;
aí começamos a trabalhar juntos, eu não podia ficar com um real, era um ciúmes,
porque ele achava que se eu tivesse dinheiro eu ia conseguir sair de casa; ele
queria me manter prisioneira, é esse o negócio, entende; não tinha para onde
ir, não tinha dinheiro, não tenho dinheiro, fui obrigada a tomar essa atitude; estou
sem trabalho com duas crianças”.
“Eu
agradeço muito; é a primeira vez que fiz ocorrência e é a primeira vez que fui
abrigada; eu abri um boletim de ocorrência na Delegacia do bairro Proença pela
Lei “Maria da Penha” e eles me encaminharam no mesmo dia, graças a Deus tinha
uma vaga lá pra mim e deu tudo certo; o nome do abrigo é Sara M., é um abrigo
que seria para mulheres que sofrem violência, mas ele recebe outras pessoas, lá
tem um moça....uma moça..., uma deficiente mental, ela tem 34 anos, é.... ela é
agressiva, entende; se não faz o que ela quer, ela é agressiva, ah...ela tem
cinco anos, ela quer brincar com nossas crianças, ela tem o corpo de mulher,
mas tem cinco anos; e ela tem força,...é uma lugar, graças a Deus eu fui
atendida, mas é um lugar que recebe dependente química, tem uma moça lá que é
dependente química, ah, recebe de tudo, que precisa vai para lá”.
“Lá
no abrigo a gente tinha a cozinheira, a alimentação, a cozinheira que faz
durante a semana; é o básico, não tem....de vez em quando manda uma bolacha,
uma bolacha recheada, bem de vez em quando mandam um ‘Danone’ para as crianças,
é....o de ruim é que o abrigo que era para receber só mulheres que sofrem
violência doméstica, mas não; o que tem de ruim lá, é a dependente química que
disse que sofre violência, mas é dependente química, a moça com retardo mental,
que tem uma força e quer brincar com nossas crianças, então, é 24 horas olhando
os filhos, tem uma mulher com sífilis, entendeu; foi embora uma moça que tinha
SIDA; eu sei que cada um com seus problemas, mas são problemas que atingem
nossos filhos, para usar o banheiro eu morro de medo porque minhas crianças
usam o mesmo sanitário que quem está doente; é difícil, mas mil vezes lá do que
sofrendo dentro da minha própria casa, apesar de tudo isso, eu só tenho a
agradecer”.
CASAS ABRIGO NA ESPANHA
POZUELO DE ALARCON e
CENTRO DE MADRID
Entrevistada 8 - Marta
Questionário
1) idade: 36 anos
2) estado civil: solteira
3) escolaridade: 1º ano
do curso de graduação em Psicologia
4) profissão: vendedora
5) moradia: com a
família
6) número de filhos: 01
filha
7) idade dos filhos: 05
anos
8) religião: não segue
qualquer religião
Questões
semiestruturadas
1) Você está na casa de acolhida com seus filhos?
“Sim,
fiquei acolhida enquanto era gestante e depois que minha filha nasceu”.
2) Quanto tempo que está na instituição de acolhida?
“Fiquei
acolhida por 08 meses, divididos em duas casas abrigo”.
3) Quantas vezes foi acolhida e por quais motivos?
“Fiquei
acolhida em duas casas abrigo na região de Madrid, na Espanha, uma em Pozuelo
de Alarcon, um distrito de Madrid e uma no centro de Madrid”.
4) O número de vezes acolhida é o mesmo de denúncias de
violência doméstica? 5) O número de denúncias é o mesmo de agressões?
“Não,
era agredida antes; acontecia violência física e psicológica.”
6) O tempo em que viveu com o companheiro?
“Cinco anos”.
7) Possui familiares que poderiam ou podem acolhê-la? 8) Possui
amigos, vizinhos que a assistia?
“Não.
Havia ido sozinha para Madrid, morar na Espanha, conhecer um namorado que conheci
pela internet. Quando estava de oito meses de gravidez ele me deixou e fui
buscar ajuda no serviço social e eles conseguiram uma casa de acolhida para eu
ficar”.
9) Os filhos apresentaram algum comportamento diferente após as
agressões ou no acolhimento? 10) Os filhos apresentaram problemas escolares
após os fatos?
“Eu
era gestante quando tudo aconteceu. Minha filha nunca conviveu com o pai; eu
tenho guarda; então, quando ela nasceu, ele já não estava presente, mas tudo o
que eu sofri quando eu estava grávida passou para ela, porque hoje ela é uma
criança que tem muitos problemas psicológicos”.
11) Quais foram os motivos das agressões?
“Ele
era uma pessoa bastante agressivo e aconteciam as brigas e as agressões”.
12) Por que a casa de acolhida é importante para você?
“A
casa de acolhida aqui é de acordo com seu perfil, onde tenham mulheres que
tenham o mesmo perfil que você; eu fiquei numa casa de monjas no distrito de
Pozuelo de Alarcon, que é uma residência religiosa, era um campo que tinha
plantação de uvas, tinha piscina, eram chalés; na outra casa em um bairro no
centro de Madrid, tinha pequenos chalés e as famílias ficavam em quartos; numa
segunda casa que fui, podia ser mulher com filhos ou sem filhos, cada casa tem
um critério, tanto que eu cheguei lá e apenas eu tinha filho, as outras
acolhidas não tinham; na primeira casa não tinha nenhum tipo de assistência,
era um lugar para você viver, se alimentar, tinhas normas, horários de entrada
e saída e a gente devia obediência para a monja que era responsável para o
local; de vez em quando chegavam doações de algum alimento especial, alguma
coisa diferente para a gente comer, doações de cremes, shampoo e também roupas;
na segunda casa tinha psicóloga, advogada e trabalhadoras sociais que
acompanhavam, ofereciam cursos e dando orientações e suporte; na primeira casa
de abrigo não tive outros suportes, não me sentia bem lá; minha filha era bebê,
ficava comigo; recebia a assistência que precisava”.
13) Algo mais que queria falar sobre o que a trouxe até o acolhimento?
Demais questões encaixadas no decorrer da entrevista semiestruturada:
“A
casa de acolhida foi muito importante, essa segunda casa de acolhida, eu saí de
lá uma pessoa muito mais forte; uma pessoa com uma perspectiva de vida
diferente para mim, uma perspectiva de futuro, de vida, que eu havia perdido; a
casa de acolhida me apoiou para buscar na justiça, se quiser, a pensão da
menina, porque ele nunca a reconheceu; eu não tenho problema com guarda; eu
estou nesse processo, pensando em lutar para que ele pague o máximo que a
justiça der para minha filha; eu sou de São Paulo, capital e ali eu não teria
nenhum tipo de recurso que eu tive aqui, de jeito nenhum; eu vou continuar
aqui, com certeza”.
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