domingo, 12 de abril de 2020

ROMPENDO PARADIGMAS

 Num transcurso de tempo a humanidade desgarra-se de paradigmas, seja por desuso, numa mudança gradativa e imperceptível ou forçosamente, como no momento, devido as mudanças de hábito necessárias impostas às sociedades, seja por força política ou medo. Uma praga abateu-se sobre os seres humanos. 



Alguns meses antes dessa parada forçada, ainda via-se muitos orgulharem-se da descendência europeia e se tinha também uma descendência negra ou índia, sobrepor a do velho continente, porque certamente, em seu entendimento, era superior. Até que o continente europeu nos presenteou com o vírus mutado e Itália, França, Espanha, Portugal, os países mais cotados pelos brasileiros, somaram mortes numa progressão aritmética.
Essa atitude dos descendentes de mudar rapidamente de opinião mediante uma crise, é de fazer vergonha aos ascendentes que por motivos diversos enfrentaram a travessia do Atlântico com muita esperança, fé e pouca tecnologia para darem no Brasil a fim de fazerem daqui sua morada. Demonstrou que a cidadania brasileira não está firmada, o povo não tem uma identidade e o que antes era maravilhoso deixar o Brasil pela Europa, aqui se tornou um melhor refúgio e mesmo com as inúmeras reclamações das autoridades governamentais, ainda temos governantes e profissionais dedicados em não “deixar a peteca cair”, neste caso, enfraquecer a progressão aritmética do vírus e salvar vidas.
No globo, o humano necessita para sua própria sobrevivência, reconhecer o outro como humano. Esse vírus é democrático, não escolhe gênero, classe social e nem econômica. Pouco importa para ele a sua crença, com quem você faz sexo, se você se locomove de carro ou transporte público. Algo microscópico está ensinando que o humano preto e o branco são iguais; que o humano heterossexual na hora do medo da morte pode receber cuidados de um profissional da saúde homossexual; que americanos, indianos, africanos, mexicanos, brasileiros, franceses, poloneses etc., são humanos iguais. O vírus conseguiu provar na prática, com sua metodologia democrática, a universalidade dos seres humanos, o que se nega em Direito, na Economia, no Social.
Para quem quiser aprender, é um rompimento de paradigmas, um desapego do consumismo exacerbado, da alimentação danosa, das festas vazias de fraternidade, cheias de vaidade e exageros de toda sorte.
Estar em casa com os seus era desculpa para as ausências de trabalho, escola, festas, reuniões de orações etc. E agora que o local mais seguro para estar é na sua casa! Por que está criando tanto conflito por isso? Qual a muleta da vez?
Pode-se responder que seja a economia, o comércio, que onde já se viu criança ter aula à distância, que: "estou de férias, tenho que passear".... não há local no mundo, neste momento, para passear! As possibilidades mudaram. As questões são outras e não acharemos as respostas tão cedo se passando esse contexto não refletirmos e não voltarmos para dentro de nós mesmos.
O que deixaram para nós de 30, 40, 50, 60 anos ..., que somos a maior parte da energia produtora de um país, é o fundamento ou paradigma do “toma lá dá cá”, da violência emaranhada na sociedade, do poder econômico sobrepor aos valores humanos, do ter para ser e não do ser pelo ser, das profissões top 10, do corpo belo, modelado, jovem, de cor branca e cabelo liso, do homem economicamente próspero, da mulher economicamente inferior ao homem, do macho e da fêmea, entre tantos outros, que agora, gritos são ouvidos nas sociedades de: “Liberte-me!”.
Quantos já disseram isso quando foram julgados por não trocar de carro no ano, por dissolver um casamento, por assumir-se gay, por não ter uma moradia em um bairro considerado nas imediações do centro, por na ser da cor da maioria de sua sala, por ser mulher estudante de Engenharia, por ser homem estudante de artesanato. Cobramos incessantemente os governos, será que não somos hipócritas?
Esses conceitos e ou preconceitos advém do inconsciente coletivo dos nossos antepassados que nos chegou por apropriação social. Vemos que não é possível estender essa atitude de descaso, omissão ou ação desordenada com o planeta, as pessoas e os animais, porque a Física ensina que “toda ação gera uma reação” e estamos recebendo a reação da toxicidade de nossos antecessores e de nós mesmos. Se olhamos para nossos filhos, sobrinhos, as crianças em geral e enchemos nossos olhos de alegria com suas brincadeiras felizes, o que deixaremos para eles se somos seus antecessores e os responsáveis no agora por parte dessa desordem?
Considerando uma colcha de retalhos, cada pedacinho costurado, um trabalho de formiguinha feito por mim, por você, por nós, certamente resultará em uma colcha de ações positivas para a humanidade, fato que o vírus também provou, pois na obrigatoriedade de ficar em casa, a circulação do vírus diminuiu e provou também que a poluição diminuiu, claro que foi um esforço coletivo forçado, mas o resultado foi positivo. Então, se colocarmos a intenção boa para algo e o esforço for coletivo, também atingiremos resultados positivos, a não ser que as pessoas decidam só agir quando algo externo as force para tanto.
Na mesa, as cartas! Neste caso, não são apostas, mas escolhas!


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