quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma homenagem a Foucault

Uma homenagem a Michel Foucault, um homem a frente do seu tempo. Suas obras analisaram a sociedade na realidade e não do ponto de vista econômico. Na Educação, ele deu sua contribuição e suas obras foram analisadas por Jennifer M. Gore, cabendo a resenha de minha autoria, de um dos textos de Gore.

" FOUCAULT E EDUCAÇÃO: Fascinantes Desafios por Jennifer M. Gore

                   O texto em estudo refere-se à Educação. A autora, trata-se de Jennifer M. Gore, é Professora do Departamento de Educação da Universidade de Newcasthe, New South Wales, Austrália. Referida autora trata de Foucault e Educação, ressaltando-se que Foucault trata-se de Michel Foucault, filósofo social francês do século XX (1926 A 1984). Seu trabalho influenciou profundamente o pensamento em muitos campos da teoria social, incluindo bastante recentemente a educação, tendo em vista suas idéias serem persuasivas e convincentes, embora contrárias aos pensamentos existentes. Gore, centra seu estudo na aplicação das análises de Foucault à educação, fazendo um paralelo com a frase de outra autora, Sawicki, a qual caracteriza os principais desafios foucaultianos.
                   “Nenhum discurso é inerentemente libertador ou opressivo. A condição libertadora de qualquer discurso, teórico é uma questão de investigação histórica, não de proclamação teórica. (Jana Sawicki, 1988a, p. 166).”
                      Para Foucault, verdade e saber estão mutuamente interligados. A verdade está circularmente ligada a sistemas de poder que a produzem e a apóiam, e a efeitos de poder que ela induz e que a reproduzem. Gore diz que o próprio termo de regimes de verdade evoca visões de verdade, mas por essas versões de verdade temos exemplos históricos dramáticos, a saber a visão da raça ariana perseguida por Hitler ou a política do apartheid da África do Sul, aos quais eu acrescento o Ato Institucional número 5 – AI5, o qual permitia amplo poder do Estado em desfavor dos cidadãos chamados subversivos, pessoas em oposição à Ditadura Militar Brasileira na época (1964 – 1985) e o ISLÃ, onde o poder estatal não difere do poder espiritual, governo e líder espiritual estão centrados na mesma pessoa. Segundo Foucault, cada sociedade tem seu regime de verdade, sua política geral de verdade,  isto é, os tipos de discursos que aceita e faz funcionar como verdadeiros. Esse pensamento é facilmente aplicado aos exemplos acima. No Brasil, podemos citar outro exemplo dramático com relação à verdade – a escravidão. Na época do Império, não considerava a individualidade das pessoas, tendo em vista que os escravos eram considerados propriedade, coisa, transacionada em praças públicas. Na época do Império, a escravidão foi um pensamento (verdade, discurso) dominante. Para Foucault, poder e saber não são idênticos. Ele considera que estudar a relação de poder e saber é seu problema e admira-se quando escrevem a respeito de suas obras dizendo que poder e saber são considerados iguais por ele. O saber serve de contra ataque para o poder. Dreyfus & Rabinow, 1983; Keenan, 1987, observam que Foucault inverte a articulação convencional na qual o poder funciona apenas de forma negativa e na qual a verdade ou o saber podem inverter, apagar ou desafiar a dominação do poder repressivo.
                   Foucault declara que o poder é exercido ou praticado em vez de possuído. Na educação considera que o poder não está nas mãos dos professores e sim no conjunto de estudantes, pais, administradoras e o do governo. Ressalta que governar é estruturar o campo possível da ação dos outros. (F, 1983b, p. 221). Foucault acredita que o poder soberano mudou para poder disciplinar, exercido por meio da indivisibilidade, através das tecnologias normalizadoras do eu, em contrapartida do poder soberano que é visível, aberto e localizado na monarquia. Essas tecnologias estão em alta atualmente, tendo em vista que sendo da vontade ou não do cidadão, se vai tirar habilitação ou renová-la, tem que ser fotografado e copiar suas digitais eletronicamente via órgão de trânsito competente, pertencente ao Poder Executivo. Qual a alternativa se o cidadão questionar? Legalmente o direito coletivo contrapõe-se ao individual, mas qual o limite? O poder disciplinar induz a pessoa  um estado consciente e permanente de visibilidade que assegure o funcionamento automático do poder. (F. 1977b, p. 177).
                   Essa noção no contexto da educação escolar, ajuda a explicar a auto-regulação dos estudante, os quais mantém seus comportamentos mesmo quando a professora deixa a sala de aula. O filósofo não se admira das fábricas, escolas, hospitais e quartéis parecerem-se com as prisões quanto ao poder disciplinar, o qual deixa uma sensação de que sempre estão sendo vigiados. De forma crescente, a Pedagogia tem enfatizado o autodisciplinamento, pelo qual os estudantes devem conservar a si e aos outros sob controle. As pedagogias produzem regimes corporais políticos. Cita-se como exemplo, o levantar as mãos para falar. Aqui as pedagogias funcionam como regimes de verdade. As relações disciplinares de poder-saber são fundamentais aos processos da Pedagogia.  Discursos educacionais produzidos pela cultura dominante são iguais aos regimes de verdades. O discurso circula no campo social e pode ligar-se a estratégias de dominação ou resistência. Foucault exemplifica que colocar as carteiras escolares em círculo, prática progressista, afasta a interação da sala com o controle direto do professor. Observa-se que no Brasil, algumas escolas públicas tinham desnível no chão das salas de aula, onde o professor ficava mais alto, afastando a interação e sinalizando o poder disciplinar, uma imposição de poder. Atualmente os novos auditórios são construídos em desnível para todos os ouvintes enxergarem o professor e o quadro da mesma forma.
                   Uma idéia explanada por Foucault que cabe perfeitamente nos debates internacionais atuais nos Organismos Internacionais é que ele se posiciona contra as necessidades universais na existência humana. Elas mostram as arbitrariedades das instituições e quais espaços de liberdade podemos desfrutar, contudo, admite que os regimes de verdade não são necessariamente negativos, mas antes necessários. O saber e o poder estão frequentemente ligados na forma produtiva. (Exemplos: Os povos que vivem no capitalismo são diversos dos islâmicos que são diversos dos comunistas, os quais são diversos dos indígenas). Necessita-se evitar que silencie a diferença. Nas escolas públicas brasileiras até poucos anos atrás víamos que os professores e a própria sociedade, quando identificava uma criança canhota, logo se posicionava no sentido de fazê-la escrever com a mão direita. Foucault deixa uma questão e a responde com outra questão: “Que práticas e discursos pedagógicos são libertadores? Há possibilidade ou desejabilidade em dar uma resposta final a questão?” "


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