quarta-feira, 26 de março de 2014

Reflexão: Irmãos Muçulmanos, movimento terrorista ou ideológico?

Nesta semana a mídia divulgou notícias a respeito da sentença proferida pelo Tribunal Militar do Cairo, condenando 25 dirigentes do movimento dos Irmãos Muçulmanos a penas que variam entre três e dez anos de prisão, segundo fontes da segurança egípcia.
São acusados de crimes contra o governo e terrorismo, a defesa os coloca como manifestantes em favor do estabelecimento da democracia no país.
Após a "Primavera árabe", os Irmãos Muçulmanos reivindicaram a Presidência do Egito, instigando ainda mais a teia de conflitos entre muçulmanos e cristãos na briga pelo poder.

Sem julgamento de valor ou mérito da questão que levou os Irmãos Muçulmanos à prisão, de quem estão falando?

O movimento dos Irmãos Muçulmanos trata-se de uma confraria, na qual para ingressar, presta-se um juramento e passa-se a contribuir com pequena porcentagem do salário mensal. A mesquita é um elemento essencial para a filiação. Essa sociedade foi fundada em 1928 em Ismaïliyya, no Egito, tornando-se um amplo movimento popular que agrupou milhares de membros, com o objetivo de direcionar os muçulmanos para o verdadeiro caminho do Islã. Opôs-se ao colonialismo britânico e defendeu a causa palestina. Participou de combates entre israelenses e árabes nos anos de 1948-1949, disseminando-se depois por todo o mundo árabe. (KRISTIANASEN, 2000).

Uma das contribuições desse movimento para a sociedade.

Em 1930, no Egito, o movimento dos “Irmãos Muçulmanos” dizia que se devia permitir às mulheres educarem-se e trabalharem, contudo, mantendo algum tipo de distância social entre elas e os homens, baseando-se a educação na religião. (HOURANI, 2011, p. 457). O Egito considerava importantes tanto a educação ministrada nas escolas, como a familiar, pois a família egípcia estava no coração do problema do governo egípcio. Nas classes alta e média, a segregação das mulheres era o principal problema. Entre os camponeses, mulheres e homens eram iguais, pois os casamentos baseavam-se no afeto real. Para os casamentos entre os jovens cultos era necessário encontrar mulheres emancipadas e educadas, o que não era comum. (HOURANI, 2005, p. 200).

Reflexão: Em um regime autoritário fundado na religião, com privações na liberdade de expressão, sob forte olhar e crítica do Ocidente em matéria diplomática e com possibilidades de intervenção internacional armada, qual a solução para os intelectuais egípcios quanto ao regime que os tolhe?

Antes de fazer juízo de valor, procure analisar os atores envolvidos, neste caso, o Egito enquanto Estado, a sociedade egípcia como um todo, os intelectuais egípcios, a opinião diplomática internacional e o papel da mídia naquele tempo x espaço. Antes de sermos homens ou mulheres, pretos ou brancos, muçulmanos, judeus ou cristãos, somos seres humanos. Enquanto não reconhecermos isso nos outros, não teremos grandes progressos que possibilitem o entendimento, o respeito e a paz entre as nações.

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