Quando eu era bem pequena, beirava uns quatro anos, recordo-me de andar choramingando atrás da minha mãe, chupando chupeta, descalça, carregando pelo pescoço uma boneca de pano, enquanto ela limpava a casa. Na verdade eu queria a atenção só para mim, nada de limpar a casa. Acho interessante que tive irmãos bem mais velhos e que praticamente fui criada como filha única e isso foi muito bom.
Bem, isso foi no século passado! Agora, século XXI, mais e mais mulheres exercem a chefia de casa, trabalham fora, não possuem muito tempo para ficarem com seus filhos, outras ganham maiores salários que seus companheiros, enfim, além de serem mães, por força do capital ou da realização pessoal, são profissionais e precisam conciliar ainda as tarefas domésticas, os lados esposa e mulher.
Doces realizações! A imagem da mãe que coloca a mesa e depois a tira, lava tudinho e depois guarda era doce, mas será que ela, a mãe, estava realizada? Será que sua família dava valor em seu trabalho diário?
Notoriamente não! O serviço que as mães prestam em suas casas para o bem de sua família, não tem remuneração, nem aposentadoria, ainda, geralmente não são valorados pela sociedade, tampouco pela família e quando esse mesmo serviço é prestado por um terceiro, chamada (o) empregada (o) doméstica (o) leva o direito do salário mínimo e os impostos do governo. É profissão!
Mas, mãe é mulher e as mulheres escalaram durante anos seu espaço social e nos mostram diariamente que estão divididas entre todos os setores da Economia, exercendo sua cidadania, refletindo seu real valor. Podemos dizer mais realizadas, com a estima em alta.
Mesmo para quem não foi mãe, natural exercer o lado maternal com amigos e amores....
Ainda, o comércio faz bonecas para as meninas e carrinho para os meninos....(eu era a menina que gostava das bonecas, contudo, achava que os carrinhos eram algo genial para elas dirigirem!!!)
Falamos de mãe, mas quando devemos guardar o título e sermos amigas dos filhos?
Filhos são "homens e ou mulheres pequenos", que amamos, educamos e queremos tanto bem, contudo, vão viver no mundo, com todas suas paixões e ilusões. Queremos poupá-los a qualquer custo das dores, dos desamores,...., todavia, um dia, teremos que enxergar que são humanos, adultos e nós voltamos a ser mulheres, apenas amigas com o título de mãe.
Abandonar a chupeta, a mamadeira, a fralda, as estórias infantis, os curativos de machucado, as tarefas escolares, os currículos do primeiro emprego, a tensão da primeira aula de direção, a expectativa do primeiro beijo e do primeiro sexo e nunca deixar de amar e compreender.
Hummm, cabe a questão. E o pai, não é capaz disso?
Sim, hoje, neste século, os homens estão mais sensíveis, menos "machões", demonstram seus sentimentos, também porque foram criados por mulheres com título de mães e amigas, entretanto, não geram seus filhotes. Sabe como é...lei da natureza. Contribuem para fazê-los, sem contudo, gerarem a vida. Não sentem sua barriga espichar, sua boca salivar e ser inevitável o vômito, os pés incharem, seu rosto tomar forma de "lua cheia". Talvez não aguentariam as dores do parto...as dilatações; não produzem leite para dar de alimento aos rebentos. Incríveis experiências!
Muitas mulheres sentem tudo isso e abandonam seus filhos por motivos infindáveis. Não são mães, não querem ser, desejam esquecer que foram.
"Mãe não fica doente, não dorme, não come", enquanto seu filho não está bem cuidado e alimentado. Para as mães, os bebês são as criaturinhas mais angelicais que existem, para outros seres humanos, são "maquininhas de cocô, xixi e berros". Tudo é uma questão do ponto de referência e observação.
Quem foi mãe, entende sua mãe, sua vó, sua tia, sua amiga, a professora, ....lálálálá.....mas mexe com o seu filhote para ver a compreensão fugindo à léguas.
Todas essas considerações para enaltecer o comercial DIA DAS MÃES, lembrando que o dia a dia é que conta, ainda, que todas as mães são antes, mulheres com todas as necessidades vitais, morais, éticas, como qualquer outro ser humano, dotada de razão e emoção.
Feliz Dia das Mães!
Arquivo pessoal - 08 meses e meio de gravidez.
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